Crear letrero en flash

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PRAZER E FETICHISMO

O conceito de fetichismo ficou inicialmente restrito ao campo da antropologia, mas foi depois utilizado pela psicologia, principalmente por Freud, e pela sociologia, sobretudo por Marx. Fetichismo é a atribuição simbólica as pessoas, partes do corpo ou coisas, de propriedades ou características que emanam de outros objetos ou indivíduos. Em antropologia, o conceito de fetichismo descreve os sistemas de crenças, de índole geralmente animista, que atribuem a determinados objetos propriedades mágicas ou divinas, ou que consideram esses mesmos objetos representações ou transposições de um ser superior, de cujas características seriam possuidores. Esse fetichismo animista, muito comum em algumas religiões primitivas da África e de crenças afro-americanas do Caribe e da América do Sul, representa a aceitação de uma manifestação primária do sobrenatural no natural. Tal manifestação tem um caráter de presença, que exige reverência, adoração, gratidão e oferendas, e também um caráter ativo, de forma que o objeto representante da divindade pode intervir na natureza para conceder graças ou bens e administrar castigos e vinganças. Caso não tenham percebido, existe algumas características da servidão de uma submissa ao seu Dono. Em cultos como o vodu, que integrou elementos litúrgicos muito distintos, mas sobretudo católicos, as crenças fetichistas se transferiram também para esses elementos e dotaram-nos de poderes mágicos. Por analogia, foi cunhada a expressão fetichismo erótico para definir a tendência de um indivíduo a sentir atração sexual por uma parte especial ou particularidade do corpo, ou por algum objeto a ele associado. Em psicopatologia, fetichismo refere-se à atribuição de significado erótico a roupas e objetos que, em si mesmos, não carregam tal significado. No fetichismo erótico, esses objetos perdem o papel acessório que têm na atividade sexual para se converter em pontos focais dela. O fetichismo, considerado como desvio sexual, também aparece como ingrediente de outros comportamentos sexuais de caráter mais complexo, como as práticas sadomasoquistas. Nesse tipo de desvio, a atividade sexual se cerca de rituais em que intervêm objetos que atuam como estimulantes eróticos, com uma carga de significado específico. Fala-se igualmente de um fetichismo cultural, vinculado não a fenômenos religiosos ou a comportamentos de caráter psicopatológico, mas a um valor atribuído a objetos, em determinados meios culturais. Alguns sociólogos consideram que as relações socioeconômicas nas sociedades avançadas criam uma cultura fetichista, pela qual a posse de certos objetos confere uma valorização pessoal especial ao indivíduo. A sociedade de consumo tenderia assim a produzir desvios sociais e a provocar o abandono de objetivos vitais básicos, pela adoção de estereótipos dos grupos sociais privilegiados, como automóveis, iates, alimentos exóticos e caros etc. Marx utiliza o conceito de fetiche no sentido original de "feitiço", para referir-se ao duplo aspecto - econômico e ideológico - que a mercadoria assume na sociedade capitalista. Outra importante manifestação do comportamento fetichista são certos movimentos juvenis espontâneos, em torno de fenômenos como a música moderna, a moda na indumentária etc., os quais às vezes adquirem um valor "transcendente" e acabam por desempenhar, além de suas funções imediatas, o papel de elementos de identificação com o grupo, de afirmação dos próprios valores ou de rebeldia ante a ordem estabelecida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário